Remada alta é um exercício amplamente prescrito e também executado quando se tem como objetivo treinar o deltoide, principalmente as fibras mediais.
Qual o “problema” da Remada alta?
Além da sua ampla realização nas salas de musculação, é também muito comum escutar os profissionais de Educação Física comentar que a Remada alta é perigosa e potencialmente lesiva para a articulação glenoumeral, ou seja do ombro. Para tentar entender o porquê esse exercício é taxado como potencialmente lesivo, é necessário entender os movimentos que ocorrem no mesmo.
Assim, durante a fase concêntrica do movimento, o praticante executará uma abdução do ombro para vencer a resistência. Desta forma, ao realizar esse movimento, sendo na Remada alta ou não, o espaço subacromial (distância entre a borda superior do úmero e o acrômio da clavícula) sobre uma redução ao longo da abdução. Todavia, caso o seguimento mão esteja livre, quando chegar a mais ou menos 60 a 70° de abdução, ocorrerá uma rotação externa do úmero. Esta rotação externa é extremamente importante para que não se tenha uma redução exacerbada do espaço subacromial e com isso não tenha nenhuma pinçamento das estruturas que ali estão localizadas (bursas e tendão do supraespinhal). Além disso, com essa movimentação citada acima, ocorrerá o possibilidade de uma maior amplitude de abdução sem a possibilidade de uma pinçamento. Ponto importante a salientar é que esta dinâmica descrita acima, é pensando em um ombro que tenha anatomia normal.
Voltando para a execução da remada alta, o praticante terá que previamente ao início da fase concêntrica posicionar o ombro em rotação interna. Isto é necessário para que se consiga realizar a pegada na barra. No entanto, ao realizar esse posicionamento, o espaço subacromial já tem uma pequena redução, em virtude do “deslocamento” anterior do tubérculo maior do úmero. Desta forma, ao realizar a fase concêntrica o espaço irá reduzir ainda mais, o que é natural, porém, como já se partiu com um espaço previamente reduzido, o mesmo terá uma redução ainda maior. Ainda, ao chegar na amplitude por volta de 60 a 70°, não ocorrerá a rotação externa, pois como mencionado acima, as mãos estão “conectadas” na barra o que não permite a rotação externa.
Diante do apresentado acima, principalmente durante os últimos graus da fase concêntrica e, principalmente se o praticante realizar a mesma com maior amplitude ocorre a presenta de desconforto ou até mesmo dor no ombro. Assim, atualmente este parece ser o fator que muitos profissionais classificam a Remada alta como perigosa.
Como fazer a Remada alta de forma segura?
O objetivo não é passar uma receita de bolo. Porém, para uma execução com maior segurança, uma estratégia seria o profissional orientar o cliente/praticante a realizar a fase concêntrica até que a barra chegasse próximo ao peitoral, ou com a articulação do ombro próximo a 90°. Além disso, orientar a execução com uma pegada mais aberta na barra pode ser uma estratégia bem interessante, por dois motivos principais:
Primeiro, que ao realizar essa estratégia ocorrerá menor rotação interna do ombro, isto é, a Remada alta será executada com um grau de rotação externa. Este cenário projetará o tubérculo maior do úmero mais posteriormente o que aumentará o espaço subacromial. Portanto, ao realizar a fase concêntrica não ocorrerá uma redução tão grande.
O segundo ponto, é que ao realizar a pegada mais aberta também ocorre um aumento na atividade eletromiográfica do deltoide medial e também trapézio superior, que são os músculos alvos de trabalho quando se executa a Remada alta.
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