Quais os músculos envolvidos de forma dinâmica e estática no abdominal Toes to Bar.
O professor Joao Moura em suas aulas de cinesiologia na universidade, criou uma sistemática ou passo a passo para ajudar os alunos a conseguir entender de forma mais clara qual músculos estão atuando em determinado exercício. Esta é composta por quatro passos, onde o aluno vai do mais simples ao mais complexo dentro do exercício. Assim, inicialmente deverá identificar para qual direção está a resistência e se essa dar-se somente pela força gravitacional ou também por uma carga externa como placas de pesos, anilhas, barras ou halteres. O segundo passo é identificar como ocorre a estabilização, onde identificará qual o corpo está de fato estabilizado para realizar os exercícios. Já o terceiro passo tem como objetivo identificar as articulações dinamicamente envolvidas e assim os músculos que atuam na fase concêntrica e excêntrica. Por fim, o passo mais difícil é identificar quais as articulações estaticamente envolvidas, ou seja, que sofrem tendência de movimento, mais músculos irão contrair de forma isométrica para estabiliza-las.
Para qual direção está a resistência no abdominal Toes to Bar ?
Este é um exercício caracterizado como treinamento resistido corporal ou calistenia, pois tem como resistência o próprio peso corporal. No entanto, os seguimentos corporais sofrem uma carga gravitacional. Neste caso a resistência é gravitacional e assim está de cima para baixo na direção vertical. Ou seja, está força gravitacional que é de 9.81m/s², agirá sobre os seguimentos pé, perna, coxa, quadril e em determinado momento sobre a coluna vertebral os “jogando” para o solo.
Portanto, neste exercício a resistência é gravitacional e não advindo de placas de peso, anilhas, barras ou até mesmo halteres. Portanto, como essa força gravitacional agirá sobre os seguimentos corporais descritos, quando maior força a massa desses seguimentos mais será o torque resistido produzido.
Como encontra-se a estabilização durante o abdominal Toes to Bar ?
Este ponto é fácil, pois o único seguimento do corpo que tem contato com algo fixo são as mãos. Ou seja, como as mãos estão fixadas na barra, o ponto de estabilização do aluno/cliente será apenas neste ponto, pois todos o resto do corpo está sob pêndulo gravitacional.
Quais as articulações dinamicamente envolvidas?
De forma dinamicamente neste exercício somente três articulações estão produzindo movimento dinâmico. Começaremos analisando a que tem um movimento mais intenso que é a do quadril. Nesta ocorre na fase ascendente do movimento ou concêntrica, ou ainda onde se vence a resistência uma flexão do quadril. Assim, para produção desse movimento serão acionados em contração concêntrica iliopsoas, reto femoral, sartório e tensor da fáscia lata como os principais. Já durante a fase excêntrica do movimento, onde ocorrerá uma contração excêntrica para cadenciar o movimento e não deixar que venha a ocorrer de forma balística os mesmos flexores do quadril citado irão atuar para sustentar o movimento.
Já as articulações da coluna começaram a movimentar-se somente do ângulo de aproximadamente 90 de flexão do quadril, ou seja, da metade da fase concêntrica para o final. Esse movimento produzido foi uma flexão toracolombar da coluna vertebral. Portanto, para que isso ocorra foi necessária uma contração do reto abdominal, assessorado pelos oblíquos interno e externo. Já na fase excêntrica onde a gravidade produzirá a extensão da coluna vertebral novamente esses mesmos músculos serão acionados, porém agora em contração isométrica.
Por fim, também no final da fase concêntrica ocorrerá uma leve extensão do ombro. Assim, o latíssimo do dorso, redondo maior, tríceps cabeça longa e deltoide posterior serão acionados em contração concêntrica para produzir o movimento. Já na fase excêntrica, onde ocorrerá uma flexão do ombro novamente os mesmos extensores serão acionados para evitar que o movimento ocorra de forma balística.
E ai quais as articulações dinamicamente envolvidas?
Chegamos talvez no ponto mais difícil para análise, tendo em vista que neste ponto ocorre apenas tendências de movimento. Assim, neste exercício existe apenas uma articulação que que está estaticamente envolvida.
Vamos imagina que o aluno/cliente pare o movimento há 90 de flexão do quadril com os joelhos estendidos. Caso ele (aluno/cliente) venha a deixar a gravidade agir sobre o joelho, ela (gravidade) produzirá uma flexão dos joelhos. Como pode-se notar no vídeo este movimento não ocorre, ficando apenas em tendência, pois os extensores dos joelhos (quadríceps) irão contrair de forma isométrica para produzir essa estabilização da articulação. Assim, neste exercício o quadríceps tem o papel de estabilização.
Como fica o equilíbrio pélvico neste exercício?
Quando os flexores do quadril se contraírem a fase concêntrica seria normal que a pelve viesse a entrar em anteversão. No entanto, como pode-se notar no vídeo esse movimento não ocorre. Não ocorreu porque os retroversores pélvicos retos abdominais foi acionado de forma isométrica para estabilizar a pelve e evitar uma anteversão. Portanto, a pelve veio a ficar estabilizada.
Você pode estar se perguntando porque os outro retroversores não foram acionados, como isquiotibiais e glúteo máximo. Pois caso fossem o movimento de flexão do quadril não ocorreria tendo em vista que são também extensores do quadril.