O que ocorre na rosca direta no músculo alvo quando o indivíduo realizar a conexão mente-músculo (foco interno)?
O foco interno ou conexão mente-músculo é uma pratica altamente realiza por fisiculturistas, e alguns praticantes recreacionais (sem objetivo de competição) durante as sessões de treinamento resistido com pesos. Em resumo, preconiza-se com essa estratégia que o individuo foque no músculo em que está sendo trabalhado. Vários estudos tem demonstrado em alguns exercícios (supino reto, puxador, cadeira extensora entre outros) que ao focar nos músculos alvo, ou seja, realizar a conexão mente músculo ocorre uma elevação da ativação eletromiográfica deste músculo. De forma interessante, em um estudo crônico Schoenfeld e colaboradores (2018), observaram que ao realizar o foco interno ao longo de oito semanas no exercícios de rosca direta ocorreu um aumento maior em espessura muscular para bíceps braquial.
Diante disso, neste nosso experimento ao realizar o foco interno (conexão mente-músculo) ocorreu um aumento em 26% na ativação muscular do bíceps braquial em relação a não focar no músculo. Portanto, o foco interno é uma excelente estratégia para provocar um maior estresse sobre o músculo alvo. Assim, pode-se racionar que se ao longo do tempo se produza um maior estresse e as outras variáveis que influenciam no processo de hipertrofia estejam ajustadas de forma adequada para cada indivíduo, esse maior estresse poderá contribuir para ganhos hipertróficos mais significativos. Como já mostrado no estudo de Schoenfeld e colaboradores para este mesmo grupo muscular.
Mas, o músculo antagonista também tem alguma alteração ao realizar o foco interno (conexão mente músculo)?
Neste nosso experimento, quando se realizou o foco interno, particularmente a cabeça longa do tríceps braquial, que é biarticular e, portanto, também atua no ombro, teve um aumento na ativação quando se realizou o foco interno. Este comportamento, pode ter ocorrendo em virtude de uma maior exigência para estabilizar a articulação do cotovelo e também para evitar a tendência do bíceps em realizar a flexão do ombro, em decorrência do aumento da ativação do bíceps, em virtude de maior acionamento do bíceps braquial.
E o músculo estabilizador também tem alteração?
Na rosca direta um dos músculos que estão envolvidos em estabilização é o deltoide anterior. Que evita a tendência da resistência (peso da barra e anilhas acelerada pela gravidade) em realizar uma extensão do ombro. No entanto, quando o nosso modelo realizou a rosca direta com foco interno (conexão mente músculo) a ativação do deltoide anterior teve uma redução em comparação ao foco na barra, ou seja, o foco interno.
Ta e daí? Como esses conhecimentos podem me ajudar na prática prescritiva?
Pode ajudar de muitas maneiras. Ou seja, para um aluno/cliente que busca maximizar os ganhos de hipertrofia dos flexores do cotovelo, parece ser interessante orientá-lo a realizar a rosca direta focando sua atenção no bíceps braquial. Pois com essa estratégia é possível aumentar o estresse sobre este grupo muscular.
Além disso, também ocorrerá uma redução no estresse, isto é exigência muscular sobre o deltoide anterior, que não é um muscular que deve ser fortemente exigido. Portanto, focar no músculo que está sendo trabalhado é uma estratégia muito interessante. Porém, um ponto interessante a salientar é que o foco interno (conexão mente músculo) parece ser melhor aplicada em exercício monoarticulares. Entretanto, com o ganho de experimento do aluno/cliente com essa estratégia (foco interno) acreditamos que a sua capacidade para focar no músculo alvo até mesmo em exercícios multiarticulares, irá melhorar.
Acreditamos que o foco interno pode ser aplicado até mesmo para os alunos iniciantes no TRP/ musculação. No entanto, para facilitar o entendimento do aluno/cliente o profissional poderá aplicar a anatomia palpatório para auxiliar ele (aluno/cliente) a identificar onde localiza-se o músculo que deverá focar. Até mesmo com aluno/cliente idosos, o foco interno poderia auxiliar para ajudar na melhora da atenção, que é uma habilidade que se perde ao longo do processo de envelhecimento.
Alunos, analisem a vídeo aula.