O fenômeno da supercompensação é uma das explicações mais plausíveis para uma série de adaptações do exercício. A homeostasia define um estado de equilíbrio fisiológico de funcionamento do organismo humano. O processo de funcionamento dinâmico normal de um órgão ou sistema, bem como, sua interrelação funcional com os demais órgãos/sistemas corporais define o processo homeostático.
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Assim, podemos citar diversas variáveis fisiológicas que funcionam em equilíbrio homeostático, como: temperatura corporal (relativamente constante em situação de repouso sem doença), Pressão Arterial (PA) com valores referenciais de funcionamento (120-80 mmHg, aproximadamente em repouso sem fatores patológicos associados), Frequencia Cardíaca de Repouso (FCRep) com valores normais em valores em torno de 60 a 80 bpm, assim como funcionamento renal, metabolismo ósseo e tantos outros exemplos fisiológicos.
Fenômeno da supercompensação e quebra do estado homeostático
A exercitação física quebra o estado homeostático de algumas variáveis fisiológicas como, por exemplo, uma corrida de 60 minutos a 10km/h eleva FC, PA, temperatura corporal e consome o glicogênio muscular, por exemplo, do grupo tríceps sural. Tal consumo de energia (glicogênio muscular) é uma quebra da homeostasia energética de glicose no músculo.
Essa “quebra” da homeostasia é “entendida” pelo organismo como uma forma de agressão ao seu funcionamento fisiológico normal. Se estas “quebra homeostática” for repetida várias vezes de forma sistemática ao longo de um período de tempo de um a dois meses o organismo além de recuperar-se da “agressão sofrida” (perda de glicogênio muscular) irá se precaver de uma nova agressão. Este aumenta a taxa de glicogênio muscular como forma preventiva contra agressão que é denominada comumente em fisiologia como SUPERCOMPENSAÇÃO. Ou seja, além de recuperar as perdas sofridas (repõem glicogênio consumido durante a corrida), recupera-se além do que havia estocado anteriormente.
O que isso significa?
A forma de “prevenção” contra essa nova agressão é o aumento dos estoques musculares de glicogênio pois, se os mesmos forem diminuídos novamente em função do treinamento, o organismo não estará tão “frágil” quanto em momentos anteriores.
Assim vamos analisar. (OBS. Os valores que usarei são distorcidos em relação a realidade muscular mas ajudam a compreender matematicamente o fenômeno de supercompensação).
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Se a taxa de glicogênio muscular for de 100g por quilo de músculos, um treinamento que desgaste 40g de glicogênio estará consumindo 40% do todo estocado. Contudo, com o fenômeno supercompensação imaginemos que o estoque tenha se elevado para 200g, nestas condições um mesmo treinamento que consuma 40g por sessão estará desgastando somente 20% do total estocado. Isto é, o organismo foi menos “atacado/agredido” quando sob efeito supercompensatório pois não está tão “fragilizado” frente ao consumo de glicogênio.