Realizar treinamento de força em programas de hipertrofia muscular é uma estratégia interessante para manter a quebra na homeostasia, produzindo assim constante evolução fisiológica.
Durante a realização de treinamento buscando o desenvolvimento de hipertrofia muscular é comum após longo período de treinamento em alguns indivíduos ocorrer a estagnação dos ganhos hipertróficos. Esse fenômeno é denominado na literatura de barreira do rendimento. Isso ocorre muito provavelmente em virtude das cargas de treinamento (volume e intensidades das sessões) não conseguirem mais produzir a quebra da homeostasia e, com isso não produzindo mais evolução fisiológica e assim não ocorrendo mais hipertrofia muscular. A barreira do rendimento ocorre principalmente em indivíduos experientes no TRP ou musculação que praticam por exemplo a dois anos.
Uma estratégia que pode ser utilizada para “romper” essa barreira do rendimento é realizar por um período de tempo treinamento de força em programas de hipertrofia muscular. Com a realização do treinamento com configuração específica para o desenvolvimento de força pura, buscara-se produzir outros estímulos sobre o organismo, para continuar quebrando a homeostase e, consequentemente produzir evolução. Esses programas de treino de força proporcionarão aos indivíduos obviamente um aumento na força muscular, com isso quando retornarem ao treinamento com configuração específica para hipertrofia muscular conseguirão treinar com quilagens mais elevadas , consequentemente produzindo uma tensão mecânica e potencialmente maiores níveis de microlesão tecidual. Dessa forma, gerando um cenário positivo para o desenvolvimento de hipertrofia muscular, tendo em vista que o Start para toda a cascata fisiológica para produção e hipertrofia muscular é a microlesão tecidual. Lembrando que os ganhos hipertróficos dependeram de fatores como descanso e alimentação.
No programa de hoje da série Fisiologia do Treino abordaremos se é interessante em um treinamento visando o aumento da volume muscular (hipertrofia muscular) introduzir-se períodos de treino voltados para o desenvolvimento de força pura, ou seja, se é interessante realizar treinamento de força em programas de hipertrofia.
O que é a barreira de rendimento e como o treinamento de força em programas de hipertrofia poderá auxiliar para o praticante rompe-la?
Imaginemos que um indivíduo esteja praticando o Treinamento Resistido com Pesos (TRP) ou musculação, a mais ou menos um ano e meio. Além do treinamento bem programado e executado esse indivíduo também realiza um dieta específica para potencializar os ganhos hipertróficos. E por fim, para fechar a tríade necessária para obter expressivos ganhos hipertróficos ele realiza um descanso adequado. Diante disso, esse indivíduo do nosso exemplo, obteve um aumento expressivo de volume muscular, ou seja, esse indivíduo obteve ganhos hipertróficos.
Dessa forma, esse indivíduos encontra-se contente com seus ganhos. Entretanto, após dois anos de treinamento seguindo os mesmos procedimentos (treinamento adequado, ótimo descanso e dieta adequada) o indivíduo sente que ocorreu uma certa estagnação na sua evolução, ou seja, ele não observa mais ganhos hipertróficos. Essa situação (estagnação dos ganhos) é relativamente comum durante o treinamento, porém ocorre normalmente em indivíduos como no nosso exemplo que já treinam a um bom tempo por exemplo dois anos.
A literatura científica chama esse acontecimento (estagnação dos ganhos) de barreira do rendimento ou barreira ao treinamento. Esse cenário (barreira de rendimento ou treinamento) não ocorrerá somente em treinamentos voltados para o desenvolvimento de hipertrofia muscular, podendo ocorrer em treinamento de potência, resistência aeróbia ou endurance, ou seja, a barreira do rendimento poderá ocorrer em vários tipos de treinamento.
Por que ocorre a barreira do rendimento?
A barreira do rendimento ou treinamento ocorrerá do ponto de vista fisiológico pelo fato que o indivíduo não conseguirá mais evoluir, ocorrendo como dito anteriormente no texto um estagnação dos ganhos. Uma justificativa bem plausível é que a quebra da homeostasia que o indivíduo vinha produzindo no treinamento (como no nosso exemplo para o desenvolvimento de hipertrofia muscular) que gerava a evolução fisiológica como o aumento de volume muscular (hipertrofia muscular) não está mais ocorrendo.
Essa barreira do rendimento pode estar ocorrendo em virtude desse indivíduo estar já habituada a intensidade e o volume do treinamento aplicado e, com isso não esteja ocorrendo uma quebra da homeostasia suficiente para que ganhos hipertróficos sejam gerados.
Caso o indivíduo (como no nosso exemplo do texto) já esteja extremamente adaptado ao volume e intensidade de treinamento buscando a hipertrofia muscular, caberá nesse momento de estagnação os ganhos (barreira do rendimento) mudar o estimulo de treinamento. Porém, em alguns casos é necessário realizar um mudança radical na configuração do treinamento, ou seja, na manipulação das variáveis de intensidade e volume da sessão de treino.
Quais as mudanças na configuração do treinamento buscando o desenvolvimento de hipertrofia muscular que podem ser realizados para “quebrar” a barreira do rendimento?
Imaginemos que o indivíduo do nosso exemplo que encontra-se na barreira do rendimento (estagnação dos ganhos) buscando continuar evoluindo realizou juntamente com seu professor na academia algumas alterações na configuração do seu treinamento como: alteração na ordem de execução dos exercícios nas sessões, mudança na forma da pegada para realização dos exercícios, alteração dos intervalos de descanso entre exercícios e séries entre outras estratégias. Obviamente essas alterações no treinamento desse indivíduo teve por objetivo alterar a carga de esforço da sessão.
Entretanto, mesmo assim o indivíduo ainda não consegue “romper” a barreira do rendimento e consequentemente não obtém mais ganhos hipertróficos. Dessa forma, pode-se concluir que a manipulação dessas variáveis de volume e intensidade das sessões de TRP buscando o desenvolvimento de hipertrofia muscular não forma suficientes.
Nesse momento é necessário que o indivíduo procure algo mais radial, ou seja, talvez agora diante desse cenário seja o momento de realizar um treinamento de força em programas de hipertrofia muscular.
Como realizar o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular, para “romper” a barreira do rendimento?
Nesse período de treinamento de força buscando “romper “a barreira do rendimento e buscando continuar com os ganhos hipertróficos, o indivíduo estará priorizando o trabalho neural de ganho de força e não tanto o ganho de força devido a adaptações do tecido muscular. Durante a realização de treinamento de força em programas de hipertrofia muscular o indivíduo continuará mantendo os ganhos hipertróficos obtidos, ou seja, mesmo realizando um treinamento nesse momento com configuração não específica para hipertrofia m muscular o indivíduo conseguirá manter os ganhos hipertróficos.
Nesse período de aplicação do treinamento de força, o indivíduo conseguirá produzir uma recuperação maior dos processos bioenergéticos por exemplo de glicogênio muscular (fonte de energia muito utilizada no treinamento voltado para desenvolvimento de hipertrofia muscular). Diante de algumas características citadas no texto podemos notar que ocorrerá uma mudança radical na configuração do treinamento, ou seja, na intensidade e volume do treino e, obviamente na carga de esforço total da sessão.
Um ponto importante a ser citado é que o treino de força não atrapalhará os ganhos hipertróficos gerados, ou seja, realizando um treinamento de força o indivíduo não “perderá” a hipertrofia muscular obtida no treinamento anterior.
Qual a vantagem de realizar o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular?
A grande vantagem de utilizar um período de treinamento de força buscando a continua evolução da hipertrofia muscular é que com essa estratégia o indivíduo conseguirá produzir outras formas de induzir a quebra da homeostasia e, dessa forma produzindo-se evolução no treinamento.
Na sequencia será descrito quando o indivíduo deve parar o treinamento de força e voltar para a realização de treinamento com configuração (cargas de esforço) específicas para o desenvolvimento de hipertrofia muscular.
Quando deve-se parar o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular?
Na maioria das vezes o organismo do indivíduo após um mês ou um mês e meio treinamento força com o objetivo de ‘romper” a barreira do rendimento, começará a restabelecer um processo adaptativo da quebra da homeostase, ou seja, o organismo começará a se adaptar. Quando o organismo do indivíduo começar a acostumar-se a intensidade e volume do treinamento aplicado e com isso não ocorra a quebra da homeostase produzidas pelo treinamento de força, agora sim é o momento exato para o indivíduo voltar a realizar treinamento com configuração específica para desenvolvimento de hipertrofia muscular.
Com essa estratégia, ao longo de um mês e meio o indivíduo produziu uma mudança fisiológica induzindo o organismo a adaptar-se a um determinado tipo de estimulo. Porém não tão diferente como no estimulo gerado em um trabalho clássico de aumento de volume muscular (hipertrofia muscular) entretanto diferente do ponto de vista neural, muscular e bioenergético. Todavia quando o organismo se organizou e buscou produzir uma adaptação é importante que o indivíduo troque novamente a forma do estimulo voltando a realizar treinamento com característica para desenvolvimento hipertrofia muscular.
É possível durante o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular aplicar outros sistemas de treinamento que o indivíduo nunca utilizou?
Sim é possível, podendo ainda ser uma ótima estratégia para potencializar ainda mais à quebra da homeostasia. Imaginemos que o indivíduo nunca tenha realizado em seus treinamento o sistema de pirâmide clássico. Nesse sistema o indivíduo realizará tentativas ou séries até estabelecer o valores de 1RM, ou seja, a sua força dinâmica máxima em um determinado exercício. Diante disso, essa é outra a estratégia (utilizar diferentes sistemas de treinamento) para mudar o estímulo durante o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular, buscando manter uma quebra constante da homeostase e a evolução dos ganhos nesse indivíduo.
Seguidor, não perca a vídeo aula de hoje e saiba por que e como utilizar o treinamento de força em programas de hipertrofia muscular.