Por que ocorre maior ativação do bíceps braquial quando se realiza a elevação frontal com o ombro em rotação externa?
Inicialmente, para conseguir ter uma visão mais claro do porquê ocorre esse comportamento de ativação do bíceps braquial, é necessário relembrar que a cabeça longa tem sua origem no tubérculo supraglenoidal da escapula, e a cabeça curta na processo coracoide. Portanto, ambas as cabeças “cruzam” anteriormente a articulação do ombro. Diante disso, também tem a capacidade de participar do movimento de flexão do ombro.
A elevação frontal acontece no plano sagital e tem como eixo o latero lateral. Assim, o eixo de movimento está localizado no centro da articulação do ombro. Portanto, a distância do ponto de origem das duas cabeças do bíceps até o eixo (centro da articulação do ombro) é o braço de alavanca da potência ou braço de alavanca do músculo. Essa distância, diz respeito a capacidade que o músculo tem em produzir força. Assim, quanto mais longe estiver do eixo maior a capacidade, por outro lado, quanto mais perto estiver menor a capacidade de produção de torque ou força. Desta forma, quando o aluno/cliente executa a elevação frontal com uma rotação externa, o ponto de origem das duas cabeças do bíceps ficam mais distantes do eixo. Assim, a sua capacidade de produção de torque aumenta. Por outro lado, quando se realiza uma rotação interna, a origem das duas cabeças ficam mais próximas ao eixo, e com isso reduzindo a capacidade de produção de torque e consequentemente participando menos da elevação frontal.
Então, qual a forma ideal de executar a elevação frontal?
Entendemos que não existe uma forma ideal. Entretanto, como no exercício de elevação frontal o objetivo principal é trabalhar o deltoide anterior, seria interessante executar o exercício com uma rotação interna do úmero, pois como demonstrado a ativação do bíceps foi menor. Assim, um estresse maior sobre o deltoide seria gerado. Desta forma, um estresse maior de forma crônico poderá auxiliar em ajustes neuromusculares (força e hipertrofia muscular) mais significativo.
Por outro lado, imaginando que o personal trainer queira produzir um estresse significativo também sobre o bíceps braquial, uma estratégia poderia ser prescrever a elevação frontal com o úmero ou ombro em rotação externa, para aumentar a exigência sobre o bíceps braquial.
Uma outra aplicação, poderia ser em relação a um aluno/cliente que está voltando de alguma lesão na articulação glenoumeral/ombro e que foi liberado pelo médico e fisioterapeuta para voltar a pratica de treinamento resistido com pesos. Diante disso, uma estratégia poderia ser a inclusão inicial da elevação frontal com rotação externa. Assim, como o deltoide certamente estará com uma capacidade de sustentar esforço menor, ao realizar desta forma o exercício, se terá uma participação maior do bíceps braquial para conduzir a flexão do ombro. Com isso, o estresse sobre a musculatura previamente lesionada será “dividido”.
Alunos, analisem a vídeo aula!!!