Para potencializar o processo de emagrecimento é necessário além da prática sistemática de exercícios físicos, reformular o hábito alimentar do indivíduo.
É comum visualizar indivíduos que ingressam nas academias de ginástica visando produzir o processo de emagrecimento. Muitas vezes esses indivíduos poderão apresentar sobrepeso ou até mesmo algum grau de obesidade. Essa condição física muitas vezes é obtido em virtude de um estado de quase total sedentarismo e, atrelado a isso um hábito alimentar ruim, ou seja, normalmente esses indivíduos ingerem alimentos não muito saudáveis. Diante disso, o personal trainer ou professor da sala de musculação prescreve um plano de treinamento que visa potencializar o gasto energético e com isso produzir o processo de emagrecimento. Entretanto, além de planejar de forma adequada as sessões de treinamento é necessário que esse indivíduo procure a ajuda de um profissional da área de nutrição para realizar uma reorganização do seu hábito alimentar. Pois como sabemos a soma de prática de exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis possivelmente potencializarão o processo de emagrecimento.
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Nos dias atuais sabe-se que o hábito alimentar é regulado por um sistema homeostático que por sua vez é influenciado de forma neuroendócrina. O balanço energético é caracterizado pela relação entre o gasto energético e a ingestão calórica e, pode ser utilizado para demonstrar o estado energético de um indivíduo. O hábito alimentar e o apetite são em particular fenômenos complexos que podem ser conceituados pela seleção de alimentos, tamanho e frequência dos episódios alimentares, que por sua vez, juntos, determinarão não somente a energia total, mas também a ingestão de macronutrientes.
Dentre os inúmeros fatores que contribuem para a apetite e o hábito alimentar, pode-se destacar fatores fisiológicos e ambientais, influencia social e ambientam, entre outros. Apesar do hábito alimentar ser um fenômeno multifatorial, o controle fisiológico neuroendócrino é uma importante ferramenta a ser discutida, em que o tecido adiposo e o trato digestório, apresentam contribuições significativas na liberação de hormônios que atuam principalmente na região hipotalâmica da região do cérebro. Diante disso, os hormônios liberados por esses órgãos citados acima no texto, pode-se destacar a: grelina, o Peptídeo YY (PYY), o GLP-1, Polipeptídio Pancreático (PP), a colecistocinina, a insulina e a leptina. A literatura apresenta que a secreção desses hormônios parece ser modulada por fatores fisiológicos, como o exercício físico. Por muito tempo os pesquisadores, consideravam atividade física como uma forma não eficaz de controle de peso em razão de uma possível compensação da ingestão alimentar. Todavia, vários estudos mostraram que todos os tipos de exercícios físicos induzem a uma leve supressão da apetite e da fome, e a intensidade desse fenômeno (supressão da fome) poderá ser influenciada pela intensidade do exercício.
Quais os fatores que poderão influenciar o hábito alimentar de um indivíduo?
É preciso relembrar que o tecido adiposo tem papel fundamental no controle da massa corporal (peso corporal) e também na regulação do balanço energético, por meio da secreção de adipocinas, em que particularmente a leptina apresenta uma regulação direta. Entretanto, a literatura atual apresenta que não apenas os hormônios secretados pelo tecido adiposo tem influência direta no comportamento do hábito alimentar dos seres humanos. Ou seja, hormônios secretados pelo trato digestório e por glândulas anexas, como o pâncreas, também apresentam influencia no comportamento do hábito alimentar dos indivíduos.
Como citado acima no texto o balanço energético é a relação entre o gasto energético e a ingestão calórica e que pode ser utilizada para demonstrar o estado energético. Em indivíduos obesos, o balanço energético apresenta-se positivo, ou seja, o indivíduo ingere uma maior quantidade de calorias e obviamente “gasta” menos calorias. Porém, estudos atuais tem demonstrado que o hábito alimentar e também a ingestão alimentar são regaladas por um sistema homeostático de forma neuroendócrina. Diante disso, o excesso crônicos de ingestão calórica, como ocorre na obesidade, pode indicar alguma falha nessa regulação neuroendócrina.
No âmbito fisiológico é bem estabelecido na literatura que a região hipotalâmica do cérebro desempenha papel chave no hábito alimentar e principalmente na ingestão calórica nos seres humanos. O núcleo arqueado do hipotálamo recebe constantes sinais neurais, metabólicos e endócrino, para realizar o ajuste da ingestão calórica e também o gasto energético. A maioria desses sinais que terminarão no núcleo arqueado são originários do trato digestório, entretanto, outros órgãos também tem a capacidade de produzir certa influência nessa região do hipotálamo. Na literatura apresenta-se descrito dois tipos de sinais, sendo eles: 1) sinais periodicamente liberados, a maioria tendo origem no trato digestório, em reposta ao estado alimentar ou ao jejum, que representará o estado alimentar agudo do indivíduo; 2) sinais tônicos, ou seja, sinais que são liberados constantemente, a maioria pelo tecido adiposo em proporção a quantidade de gordura nos depósitos celulares, que são responsáveis por sinalizar o estado nutricional crônico.
Em uma primeira categoria a literatura apresenta o hormônio grelina, que é denominada como o hormônio da fome que tem sua liberação quando o indivíduo encontra-se em jejum. Nessa primeira categoria a literatura apresenta ainda muitos hormônios que são responsáveis pela saciedade, ou seja, que serão liberados no estado pós-prandial sendo eles: PYY, GLP-1, o PP, a colecistocinina, entre outros. A ação desses hormônios descritos acima no hábito alimentar e na ingestão calórica, poderão atuar, diretamente, na modificação do esvaziamento gástrico, ou indiretamente, na modulação de neuropeptídios anorexígenos, que estimulam a saciedade, ou ainda orexígenos , que estimulam a fome no núcleo arqueado do hipotálamo.
Por outro lado a segunda categoria de sinais periféricos apresentada pela literatura incluem a leptina, que é liberada pelo tecido adiposo, e a insulina, liberada pelo pâncreas. Apontam-se que esses dois hormônios apresentam influência direta na regulação da massa corporal do indivíduo não apenas de forma direta, mas agindo como sinais de adiposidade, estimulando neuropeptídios anorexígenos e inibindo neurônios orexígenos. Entretanto, esses hormônios tem a capacidade de agir de forma indireta, modulando a sensibilidade do cérebro a sinais de saciedade e determinando a ingestão alimentar a cada refeição indivíduo.
Outro ponto que deve ser salientar em relação ao hábito alimentar é a influência dos estímulos externos provindos dos alimentos e o ambiente que o indivíduo vive, que podem desempenhar papel chave no hábito alimentar do indivíduo. Ou seja, a literatura aponta que estímulos ambientais, sociais, psicológicos e culturais tem demonstrado exercer poderosos efeitos na escolha dos alimentos e consequentemente no hábito alimentar dos indivíduos.
Como ocorre a influência do hormônio leptina no hábito alimentar dos indivíduos?
Estudos apontam que o hormônio leptina é o que produz maior efeito inibitório sobre o apetite. Em estudos que utilizaram camundongos que apresentavam incapacidade de produzir a leptina demonstraram que, quando os animais sofriam administração desse hormônio (leptina), eles apresentavam uma redução de aproximadamente 75% da ingestão calórica. Por outro lado ao administrar leptina em animais que tem capacidade de produzir naturalmente esse hormônio, os pesquisadores também observaram uma redução da ingestão calórica, porém, o efeito foi bem menos intenso do que em relação aos camundongos que não liberavam naturalmente a leptina.
Quando a leptina é liberada na circulação sanguínea, imediatamente liga-se aos seus receptores presentes no hipotálamo, principalmente no núcleo arqueado, ventromedial, dorsomedial e lateral, locais esses que apresentam maior prevalência dos seus receptores. Apesar da variedade de locais descritos acima que apresentam os receptores de leptina, o principal sítio de ação da leptina envolvido na regulação da forme é o núcleo arqueado. Essa região do hipotálamo, apresenta neurônios anorexígenos, responsáveis pelo estímulo neural do apetite, e neurônios orexigenos, responsáveis pelo estimulação neural da fome. A leptina irá interagir tanto com os neurônios anorexígenos quanto com os orexígenos.
Quando a leptina “atinge” os neurônios anorexígenos os mesmos serão inibidos, assim diminuindo a expressão de NPY e AgRP, potentes neuropeptídios estimuladores da ingestão alimentar. Em contraste a esse efeito, os sistemas anorexígenos serão estimulados, assim produzindo e propagando sinais POMC do núcleo arqueado. Por sua vez o POMC é o precursor do neuropeptídio α-MSH, um importante regulador da apetite, via interações com os receptores MC4-R e MC3-R além do α- MSH, outro neuropeptídio regulador da apetite é o CArT, também produzido no núcleo arqueado via estímulo da leptina. Diante disso, a leptina está relacionada tanto a inibição da forme quanto ao estímulo da saciedade.
Como ocorre a influência do trato digestório no hábito alimentar e na regulação da ingestão calórica?
Primeiramente será descrito no texto a influência do hormônio grelina:
A grelina foi descoberta inicialmente como um ligante endógeno do receptor responsável pela secreção do GHRS, ou seja, hormônio do crescimento. A grelina carteliza-se por um hormônio proteico que é produzido pelas glândulas oxinticas do estomago. Sua secreção é induzida pela perda de peso, jejum e hipoglicemia induzida pela insulina. Estudos apontam que quando administra-se grelina ocorre uma estimulação da ingestão alimentar, por meio do aumento da fome via sistema nervoso central. Diante dessa característica, a grelina é conhecida como o hormônio do apetite, pois ainda estudos apontam que a grelina pode regular fome pré-prandial.
Após sua liberação na corrente sanguínea a grelina terá sua ação também no hipotálamo, ou seja nos núcleo arqueado, e possuindo ação antagônica a da leptina. Ou seja, a grelina liga-se a seus receptores presentes nos neurônios orexígenos e, com isso estimula a produção de NPY e AgRP. Além dos efeitos agudos no aumento da sensação de fome, estudos apontam que o aumento crônico na concentração de grelina participa de outras formas de regulação do metabolismo energético. Um aumento crônico nas concentrações de grelina poderão ser promovidos pela perda de peso ou ainda por situações patológicas como a síndrome de Prader-Willi. A influência da grelina no metabolismo inclui, estímulo de adipogênese, inibição da apoptose, diminuição da utilização de ácidos graxos para oxidação e substituição desses substrato energético pela glicose, e por fim além de produzir uma inibição da atividade nervosa simpática.
Em humanos a concentração sérica de grelina apresenta-se inversamente relacionada com a adiposidade, ou seja, apresenta-se diminuída em indivíduos obesos e aumentada em indivíduos magros. Essa afirmação demonstra que a grelina não apresentam interferência direta no aumento da adiposidade.
– Hormônio PYY: é secretado pelo intestino e está relacionado ao neuropeptídio Y ( NPY). O PYY é produzido pelas células L ao longo do intestino, todavia, apresenta-se em maiores quantidades na porção distal do intestino. A literatura apresenta que esse hormônio é liberado após as refeições, principalmente quando ocorre a presença de ácidos graxos livres no intestino. O PYY apresenta uma ação anorética, ou seja, tem o poder de produzir uma diminuição da ingestão alimentar via ativação hipotalâmica.
Indivíduos obesos apresentam uma sensibilidade normal ao efeitos anorética do PYY, e a concentração plasmática desse peptídeo não encontra-se aumentada na obesidade, o que é diferente da concentração plasmática da leptina. Entretanto, alguns estudos apresentam que indivíduos obesos apresentam baixa concentração circulante de PYY tanto em jejum quando no período pós-pandrial (pós alimentação). Porém, outros estudos tem demonstrado que não ocorre diferenças na concentração plasmática de PYY em ambos os grupos, sugerindo com isso que a redução da liberação de PYY não parece ter uma relação com a etiologia da obesidade.
– Colecistocinina: a literatura apresenta que esse hormônio apresenta papel fundamental na digestão alimentar por meio de três importantes funções sendo elas: contração da vesícula biliar para liberação dos sais biliares no duodeno;2) relaxamento dos esfíncteres de Oddi; 3) retardo do esvaziamento gástrico, diminuindo os movimentos peristálticos do trato digestório. Entretanto, estudos demonstraram que a colecistocinina apresenta papel importante na regulação do apetite. Esse hormônio é liberado pelo intestino delgado em estado pós-pandrial e com isso parece reduzir a ingestão alimentar por meio da interação com o receptor de colecistocinina no nervo vagovagal.
Polipeptídio Pancreático (PP); O PP é sintetizado e liberado pelo pâncreas endócrino. Sua liberação ocorre após as refeições e tem o poder de produzir redução na apetite. Estudos que testaram a administração periférica de PP em ratos e humanos detectaram redução da ingestão alimentar. Por outro lado a ingestão crônico de PP, produziu redução da massa corpórea de ratos obesos que apresentavam deficiência de leptina. O efeito anorético do PP ocorre em virtude em partes pela redução do esvaziamento gástrico. Entretanto, a literatura apontam que os efeitos o PP ainda não estão totalmente claros.
– GLP-1: A mesma célula do intestino que sintetiza o PYY é que sintetiza uma grande família de proteínas precursoras denominadas de preproglucagon. Por sua vez, essa proteína produzirá inúmeros peptídeos biologicamente ativos, incluindo o glucagon, o GLP-1, o GLP-2 e a oxintomodulina. O GLP-1 é liberado na circulação sanguínea após uma refeição e é considerado uma potente incretina, ou seja, a administração central ou periférica estimulará potentemente a liberação de insulina. Inibindo assim a ingestão alimentar.
Qual a influência do exercício físico no hábito alimentar e principalmente na regulação da fome e apetite?
A literatura atual apresenta uma grande discussão em relação a eficácia da prática de exercícios físicos no controle da massa (peso) corporal, pois vários estudos apontam uma aumento da ingestão alimentar como forma de compensação do gasto energético. Por outro lado, estudos recentes apresentam que alguns tipos de exercícios induzem a um leve grau de supressão do apetite e da forma.
Esses resultados adversos demonstrados na literatura podem estar ocorrendo em virtude de diferentes tipos de metodologias aplicadas, pois sabe-se que a ingestão alimentar poderá ser influenciada pela intensidade do exercício. Estudos prévios tem demonstrado que exercícios de alta intensidade poderão favorecer a produção de um balanço energético negativo por mais tempo em relação aos exercícios de baixa intensidade. Por outro lado, alguns pesquisadores apresentam que a prática de exercícios intensos e de longa duração reduzem a ingestão energética relativa. As mulheres parecem não aumentar a ingestão alimentar agudamente, após-exercícios de alta intensidade, mas promovem uma compensação parcial se cerca de 30% da energia gasta durante os exercícios crônicos.
Qual o impacto do exercício físico de alta intensidade no hábito alimentar dos indivíduos que estão realizando sessões de treino visando o emagrecimento?
Como descrito anteriormente no texto o hábito alimentar é um evento multifatorial relacionado não apenas aos fatores neuroendócrinos mais também está relacionado a fatores biológicos, sociais e emocionais. Com isso, ao analisar o papel do exercício físico na fome e apetite, é importante que se verifique todos os fatores que o envolvem, como a motivação de comer determinado alimento. Ou seja, essa motivação não está apenas associada com a fome e apetite, mas também a sensação de prazer que determinados alimentos causam nos indivíduos.
Outro fator que pode influenciar no hábito alimentar de um indivíduo são os fatores motivacionais, ou seja, por exemplo se o indivíduo é um atleta ou um obeso que pretende perder peso, certamente o atleta poderá apresentar alguns fatores motivacionais como manter a forma física e seu desempenho. Assim esse atleta certamente dará preferência a alimentos mais saudáveis, enquanto potencialmente o indivíduo obeso poderá selecionar alimentos menos saudáveis, com isso atrapalhando o processo de emagrecimento. Grande maioria dos estudos relatam que a prática de exercícios físicos não aumenta a forma ou a ingestão energética de forma aguda, nem mesmo quando o mesmo é praticado em intensidades altas. Recentemente a literatura vem discutindo o papel do exercício físico extenuante, como corrida ou ciclismo, em produzir redução da sensação de fome de forma significativa. Esse fenômeno é denominada pela literatura científica como anorexia induzida pelo exercício. Todavia, essa perda na apetite apesar de total logo após o termino da sessão de exercícios, é temporário e não possui impacto significante na ingestão energética.
Qual o impacto da pratica de exercícios físicos na concentração de hormônios plasmáticos relacionados com o controle da apetite?
Na literatura apresenta-se estudos que mostram a variação dos hormônios controladores da fome e apetite são escassos e contraditórios, ou seja, ainda há uma lacuna nesse ponto de análise. Essa situação descrita acima, ocorre em virtude da maioria dos estudos que investigam a concentração desses hormônios é mediada após a realização da sessão de exercício. Todavia, sabe-se que os hormônios que controlam a apetite são liberados durante a refeição.
Vários estudos tem avaliado o papel do exercício físicos na concentração de leptina , pois ocorre a hipótese que muitas razões para acreditar que as adaptações ao exercícios físicos levarão a alteração na concentração e na liberação desse hormônio. É sabido que a pratica sistemática de exercícios físicos leva a redução da massa adiposa, portanto, se a leptina for alterada, isso poderá explicar como o exercício físico interfere na obesidade. Além disso, sabe-se que a prática sistemática de exercícios físicos altera o perfil de vários hormônios como a insulina, cortisol, catecolaminas, estrogênio, testosterona, entre outros, e como todos sabemos esses hormônios estão intimamente relacionados com o metabolismo e controle da leptina. Em uma revisão realizada os pesquisadores concluíram que na ausência de perda de peso, não há diferença significativa na concentrações plasmáticas da leptina em jejum em reposta ao exercício. Todavia, ainda nessa revisão os pesquisadores identificaram que um grande balanço energético negativo foi imposta e os indivíduos não se encontravam em jejum, permitindo, portanto, a liberação de insulina pelo pâncreas, que exerce um feedback negativo sobre a liberação de leptina.
Em um outro estudos, os pesquisadores observaram uma redução significativa dos níveis de leptina plasmática após uma sessão de exercício prolongado de alta intensidade. Atualmente acredita-se que a pratica sistemática de exercício físicos causará uma melhora nos níveis de sensibilidade a insulina, influenciando a concentração de leptina, independentemente das alterações na massa magra, em razão de possíveis mudanças na concentração de insulina e cortisol, responsáveis pela síntese de leptina. Foi observado que o exercício físico agudo não influencia os níveis de leptina em indivíduos eutróficos, já a pratica de exercício físico exaustivo em indivíduos obesos produz aumento na concentração plasmática de leptina, podendo ser uma das explicações para anorexia induzida pelo exercício. A literatura apresenta como justificativa para esse fenômeno que a alta produção de leptina parece originar de uma produção do estômago e não tecido adiposo.
Analisando agora o hormônio grelina, uma revisão realizada pro Kramer e Castracane (2007), identificou que na ausência de perda de peso corporal, o exercício não possui impacto significante na concentração plasmática de grelina em estado de jejum. Por sua vez, outros estudos demonstraram que a prática aguda de exercícios físicos produziu mudanças significativas na concentração plasmática de grelina em jejum, tanto em indivíduos eutróficos quantos em indivíduos com sobrepeso. Os níveis de grelina ainda poderão sofrer influência da condição fisiológica, do estado de alimentação, do nível de sedentarismo, estado nutricional e também da intensidade do exercício realizado. Entretanto, a duração do exercício parece não ter uma influenciada tão significativa.
O estudo de Mackelvie et al. (2007) objetivaram observar o impacto de cinco dias de atividade aeróbia de baixa intensidade supervisionada e na circulação plásmica de grelina total, acilada e desacilada, tanto no jejum, quanto em pós-prandial, em adolescentes doe sexo masculino eutróficos e com sobrepeso. Os pesquisadores não observaram diferenças significativas na grelina plasmática total, porém houve uma aumento significativo na grelina acilada, que ocorreu de maneira independente das alterações de peso corporal e sensibilidade a insulina. Por fim, observou-se também aumenta da concentração de grelina acilada que foi maior no grupo eutrófico, tanto no jejum como no período pós-prandial, e estavam ainda atrelado ao aumento da sensação de forme e uma redução da saciedade 30 minutos após a refeição. Apesar desse estudo sugerir que o exercício físico possa levar a um balanço energético negativo, deve-se ressaltar que a ingestão calórica não foi controlada e potente não se pode confirmar o efeito anoréxico do exercício.
Diante disso, pode-se concluir que o exercício físico, independentemente da intensidade, não parece interferir na contração total de grelina total, entretanto observa-se um efeito o exercício na concentração plasmática de grelina acilada e desacilada, dependendo do período do exercício, ou seja quanto mais o tempo de exercício aumenta, mais o impacto no balanço energético se torna favorável, pois a redução a razão de grelina acilada /desacilada, ajudando da redução de peso.
Qual o efeito da pratica crônica de exercício físico sobre os níveis concentrações hormonais relacionadas com o controle da apetite?
O estudo de Bailey et al. (2001) os pesquisadores não observaram diferenças nos níveis plasmáticos de colescistocinina em homens ativos. Já um outro estudo verificou um aumento discreto na concentração plasmática do PP, em jejum e no período pós-prandial, em homens sedentários, após a intervenção com exercícios de alta intensidade.
No estudo de Chanoine et al. (2008) os pesquisadores aplicaram uma intervenção de exercício aeróbio cinco vezes por semana com duração de uma hora em adolescentes eutróficos e com sobrepeso. Os resultados obtidos não apontaram diferenças significativas na contração plasmática do GLP-1 em jejum e em um período de até quatro horas após o exercício. Porém, foi observado um aumento significativo na reposta de GLP- nos 30 minutos pós refeição, em ambos os grupos. A literatura apresenta que apenas um estudo, investigou o efeito do exercício agudo de alta intensidade na concentração plasmática pós prandial de hormônios relacionados com o apetite, além de averiguar a motivação em comer e a característica do hábito alimentar na refeição subsequente. Os pesquisadores analisaram os níveis plasmáticos de grelina total, PYY, GLP-1 e PP por um período de três horas em indivíduos eutróficos, saudáveis e sem restrição alimentar. Os pesquisadores identificaram que o exercício agudo aumentou significativamente a concentração plasmática pós prandial de PYY, GLP-1, e PP, mas não promoveu alteração nos níveis de grelina plasmática total. Ainda não foram observadas diferenças significativas na sensação de fome e nos hormônios circulantes relacionados ao apetite durante o exercício quando comparado aos valores encontrados antes da refeição. Diante disso, os pesquisadores sugeriram que o exercício pode promover alterações fisiológicas na secreção dos hormônios que contribuem para a apetite.
A anorexia induzida pelo exercício pode ser explicada pelo aumento transitório de hormônios plasmáticos circulantes da saciedade durante a pratica de exercícios físicos, observada durante o mesmo período. Já o estudo de Flores et al. (2006) os pesquisadores propuseram que os efeitos da supressão do apetite promovidos pelo exercício físico podem ser mediados por vias hipotalâmicas, pois demonstrou aumento na atividade de muitas proteínas envolvidas com a sinalização de leptina e insulina no hipotálamos em ratos.
Seguidores, não percam a vídeo aula de hoje e analisem as orientações do professor João Moura sobre a influência do hábito alimentar sobre um programa de treinamento que visa o emagrecimento.