O treinamento aeróbio do professor João Moura está sendo realizado com caminhadas no plano horizontal, intercalando com subida em escadaria.
Por que o professor João Moura está sendo realizando caminhadas em suas sessões de treinamento aeróbio na sua volta aos treinos?
Devido a orientação médica o professor João Moura está utilizando uma cinta toracolombar para auxiliar no processo de recuperação das fraturas que sofreu nos processos transversos dos corpos vertebrais de L3 e L4. Após os três primeiros meses de sua recuperação o professor João Moura teve uma redução nos níveis de dores na região da lesão. Diante disso, o médico traumatologista que está acompanhando a sua recuperação lhe liberou para voltar a realização de exercícios físicos, entretanto, pediu ao professor João Moura que os mesmos fossem realizados de forma não muito intensa.
Diante disso, o professor João Moura iniciou sua volta aos treinos realizando sessões de treinamento aeróbio. Ou seja, os primeiros treinos aeróbios do professor João Moura estão sendo realizados na forma de caminhadas. Como ele (professo João Moura) apresenta ainda episódios de dores na região da fratura, as caminhadas estão sendo realizadas com intensidades de leve a moderada. É importante salientar que essas caminhadas estão sendo realizadas no plano horizontal e em alguns momentos no plano vertical. Ou seja, em algumas sessões de treinamento aeróbio o professor João Moura além de realizar caminhada clássica (plano horizontal), também está realizando um trabalho de subida de escadarias. Nesses estágios da caminhada (subida em escadaria) o professor João Moura realiza em média de três a quatro séries de subida na escadaria.
Como todos nós sabemos em qualquer sessão de treinamento seja ela de cunho aeróbio ou anaeróbio é necessário realizar o controle da intensidade de alguma forma, para que os objetivos ou as adaptações fisiológicas sejam alcançadas. Diante disso, o professor João Moura está utilizando duas formas para realizar o controle da intensidade do seu treinamento aeróbio, sendo elas: 1) a Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) e 2) os sinais de dor na região aonde ocorreu a fratura.
A seguir no texto serão listadas algumas alterações fisiológicas crônicas que ocorrem após a prática sistemática de treinamento aeróbio.
Quais as adaptações fisiológicas crônicas que o treinamento aeróbio produzirá no indivíduo que melhorará sua aptidão cardiorrespiratória?
Com a pratica sistemática de treinamento aeróbio os indivíduos poderão esperar adaptações fisiológicas crônicas dentro do músculos estriado esquelético acionados durante o treinamento e adaptações crônicas sistemáticas, ou seja aquelas que afetam o sistema circulatório e respiratório. Inicialmente será descrito no texto as adaptações que ocorrem a nível do músculo estriado esquelético.
A fábrica metabólica que encontra-se dentro do músculo esquelético, com a realização sistemática de sessões de treinamento aeróbio tenderá a sofrer alterações fabulosas. Essas alterações ou adaptações serão geradas para promover uma maior capacidade de gerar Adenosina Trifosfato, ou seja, ATP. Em seguida serão listadas as adaptações:
– AUMENTO DO CONTEÚDO DE MIOGLOBINA: A principal função da proteína mioglobina é auxiliar no movimento e fornecimento de oxigênio da membrana celular para as mitocôndrias, onde o mesmo (oxigênio) será consumido. Estudos apontam que a pratica sistemática de sessões de treinamento aeróbio poderão aumentar entre 75% a 80% os níveis de mioglobina no músculo. Todavia, esses aumentos são específicos, ou seja, ocorrerão somente nos músculos que estão sendo acionados durante a sessão de treinamento. Alguns estudos ainda apontam que o aumento no conteúdo de mioglobina estão intimamente associados a frequência semanal de treinamento. Ou seja, quanto maior a frequência de treinamento, potencialmente maiores os aumentos nos níveis de mioglobina;
– MELHOR CAPACIDADE DE OXIDAÇÃO DO GLICOGÊNIO: A pratica sistemática de treinamento aeróbio, produzirá uma maior capacidade do músculos esqueléticos em fracionar completamente os grânulos de glicogênio na presença de oxigênio para CO2, H2O e ATP. Entretanto, para que as células musculares aumentam essa capacidade descrita acima é necessário que duas capacidade subcelulares aconteçam, sendo elas: a) aumentos no número, no tamanho e na área superficial nas membranas das mitocôndrias dos músculos esqueléticos, e b) aumento no nível de atividade ou na concentração das enzimas que participam do ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs e nos sistema de transporte de elétrons.
É preciso salientar que o número de mitocôndrias por miofibrilar é menor nas mulheres que nos homens. Vários estudos tem demonstrado a ocorrência de um aumento no número e tamanho das mitocôndrias após sessões sistemáticas principalmente de treinamento aeróbio. Em um estudo aonde aplicou-se 28 semanas, com frequência semanal de cinco vezes o treinamento aeróbio de longa distância e exercícios de calistenia. Os pesquisadores observaram um aumento de 120% nas mitocôndrias do músculos vasto lateral. Normalmente o aumento no tamanho da mitocôndrias não é tão acentuado quanto o aumento no número, sendo em média nos seres humanos, entre 14% a 40%. Como citado acima no texto ocorre um aumento dramático no conteúdo de enzimas envolvidas no ciclo de Krebs e no transporte de elétrons. Esse aumento proporcionará ao indivíduo produzir maiores quantidade de ATP através do metabolismo aeróbio. Estudos apontam que a atividades das enzimas aeróbias podem até duplicar após a realização de 12 semanas de treinamento aeróbio. Identificou-se ainda que em seres humanos oito semanas de treinamento sistemáticos podem aumentar 40% o conteúdo de enzimas aeróbias.
Além de uma maior capacidade do músculo esquelético em oxidar o glicogênio muscular é observado após treinamento aeróbio sistemático um aumento no conteúdo de grânulos de glicogênio muscular armazenado. Normalmente o músculos estriado esquelético humano apresenta entre 13 a 15g de glicogênio por quilograma de músculo. Estudos apontam que após a realização sistemática de treinamento aeróbio ocorre um aumento de 2,5 vezes esse conteúdo. Esse aumento no conteúdo de glicogênio muscular armazenado ocorrerá, em partes, devido do treinamento acarretar uma maior atividade das enzimas responsáveis pela síntese e pelo fracionamento do glicogênio.
– MAIOR CAPACIDADE PARA REALIZAÇÃO DE OXIDAÇÃO DE GORDURA: Semelhantemente ao que ocorre com o glicogênio muscular a oxidação de gordura para CO2, H2O e ATP aumenta após a pratica sistemática de treinamento aeróbio. Como todos nós sabemos a gordura funciona como o principal fonte de combustível para o músculos esquelético durante a realização de exercícios aeróbios, uma maior capacidade do indivíduo em fracionar a gordura constituirá uma vantagem para aprimorará o seu desempenho. Ou seja, para uma determinada carga de trabalho submáxima o indivíduo oxidará maiores níveis de gordura do que os carboidratos, quando comparada a uma pessoa destreinada. Dessa forma, durante um exercício árduo, porém submáximo, uma maior capacidade de oxidação de gordura poderá significar uma menor depleção de glicogênio muscular e com isso menor acumulo de ácido lático e consequentemente menores níveis de fadiga.
O aumento da capacidade dos músculos estriados esqueléticos acionados durante as sessões de treinamento aeróbio em oxidar gorduras está intimamente relacionado a três fatores, sendo eles: a) aumentos nos níveis intramusculares das reservas de triglicerídeos. Estudos identificaram que ocorreu um aumento de 1,5 vezes nas reservas de gorduras das células musculares de atletas treinados em resistência, quando comparado a individuo destreinados. B) Os estudos apontam ainda que uma maior disponibilidade de gorduras para o músculo esquelético pode exercer efeito positivo sobre o desempenho de provas de resistência. Essa resposta dará origem a uma preservação de glicogênio muscular, que resultará em maior oxidação de gorduras. C) com pratica sistemática de treinamento aeróbio é observado um aumento das grandes moléculas de gorduras antes de sua penetração tanto na via oxidação beta quanto no ciclo do Krebs.
Quais as alterações sistêmicas, ou seja, cardiorrespiratórias que ocorrem com a pratica sistemática do treinamento aeróbio?
As alterações cardiorrespiratórias induzidas pelo treinamento aeróbio incluem aqueles que afetarão principalmente o sistema de transporte de oxigênio. A seguir no texto serão descritas algumas alterações sistemas em repouso em respostas ao treinamento aeróbio sistemático.
A literatura aponta que existem seis alterações principais no repouso que ocorrem em virtude do treinamento aeróbio, sendo elas : a) aumento no tamanho do coração, ou seja, hipertrofia cardíaca; b) redução nos valores de Frequência Cardíaca (FC) de repouso; c) aumento no volume de ejeção ventricular; d) pouca ou nenhuma modificação nas medidas pulmonares de repouso; e) aumento do volume sanguíneo e na concentração de hemoglobina; f) aumento da densidade capilar e hipertrofia do músculos esqueléticos envolvidos no treinamento.
– AUMENTO NO TAMANHO DO CORAÇÃO (HIPERTROFIA CARDÍACA): a literatura aponta em geral que o tamanho global do coração é maior em individuo atletas do que não atletas. Ao realizar o exame de ecocardiografia, é possível identificar que o aumento no tamanho do coração ocorre em virtude do aumento no tamanho da cavidade dos ventrículos ou por aumento da espessura da parede ventricular. Em atletas fundistas, nadadores a hipertrofia cardíaca observada ocorre habitualmente em virtude de uma grande cavidade ventricular e uma espessura normal da parede ventricular. Isso significar dizer que o volume de sangue que enche o ventrículo durante a diástole é maior.
A hipertrofia cardíaca dos atletas que não realizam treinamento aeróbio, ou seja, que praticam esportes de cunho anaeróbio caracteriza-se em geral por uma cavidade ventricular de tamanho normal e uma parede ventricular mais espessa. Dessa forma, apesar da magnitude da hipertrofia cardíaca desses atletas que realizam esportes de cunho anaeróbio poderem ser as mesmas observadas em atletas que realizam treinamento aeróbio, suas capacidades em termos de volumes de ejeção são bem próximas a indivíduos destreinados.
Mas qual a maneira que o treinamento, influencia o coração a sofrer ou não um aumento no tamanho da cavidade ventricular ou um aumento na espessura da parede ventricular?
Essa resposta parece estar relacionada ao tipo de estresse mecânico imposto ao coração. Ou seja, treinamento aeróbios exige habitualmente sessões prolongadas de exercícios durante as quais o débito cardíaco é mantido em níveis mais altos. Essa forma de estimulo recebe a designação na literatura de sobrecarga volêmica. Por sua vez, os atletas que participam de atividades rápidas, porém vigorosas, como os esportes de lutas e levantamento de pesos, são submetidos intermitentemente a grandes elevações da pressão arterial. Dessa forma, o estimulo recebe a designação de sobrecarga tensional, ou seja de pressão.
É preciso salientar que a magnitude da hipertrofia cardíaca dependerá da intensidade, da duração e da frequência de aplicação das sessões de treinamento aeróbio aplicadas. A literatura ainda aponto que para produzir-se as adaptações cardíacas descritas acima, poderão ser necessários vários anos de treinamento sistemáticos.
– REDUÇÃO DOS VALORES DE FC DE REPOUSO: a redução dos valores de FC durante o repouso abaixo de <60 bpm é denominada de bradicardia. Para entender como ocorre esse fenômeno fisiológico é necessário lembrar que o coração é regulado pelos dois componentes do sistema nervoso autônomo, a) os nervos simpáticos quanto estimulados elevam a frequência cardíaca e b) os nervos vagos, ou seja, parassimpáticos acarretam a redução nos valores de frequência cardíaca. Com esse tipo de influxo neural duplo, a FC poderá ser reduzidas por um aumento do tônus parassimpático, por uma redução do tônus simpático, ou por uma combinação desses dois fatores. Na literatura evidencias apontam a existência dessas três teorias descritas acima. Entretanto, levando-se em conta que o sistema nervoso parassimpático que predomina na redução da FC em repouso, não é de admirar que a bradicardia induzida pelo treinamento seja, devida principalmente a um aumento do tônus vagal.
Não pode-se encerar a discussão do fenômeno da bradicardia produzida pela prática sistemática de treinamento aeróbio, sem mencionar o ritmo intrínseco do marcapasso atrial ou nódulo S-A. Ou seja, se o ritmo intrínseco do nódulo SA for reduzido pelo treinamento, nesse caso a FC tornar-se mais lenta, indecentemente da influência do sistema nervoso autônomo. Essa lentidão de disparo do nódulo SA poderá ser causado por alguns fatores que serão listados a seguir: 1) maior nível de acetilcolina encontrada no tecido atrial após o exercício; 2) uma menor sensibilidade do tecidos cardíaco, ou seja, dos receptores beta 1 as catecolaminas ou ainda 3) um efeito mecânico relacionado a uma alteração induzida pelo treinamento nas dimensões cardíacas. Entretanto é preciso salientar que qualquer efeito do treinamento aeróbio possa ter sobre o ritmo intrínseco do nódulo SA não parece ocorrer com programas de duração curtas.
– MAIOR VOLUME DE EJEÇÃO VENTRICULAR: é preciso lembrar que o débito cardíaco em repouso é aproximadamente o mesmo para indivíduos treinados e destreinados. Como atletas e indivíduos treinados sistematicamente em exercício aeróbios, tenderão apresentar menores valores de FC (por fatores descritos acima no texto), é necessário que para atingir o débito cardíaco de repouso a necessidade de um maior volume de ejeção, ou seja, de um maior volume de sangue sendo ejetado a cada sístole ventricular.
Esse aumento do volume de ejeção ventricular é mais pronunciado em atletas ou indivíduos que realizam treinamento aeróbio sistemático, devido a esses indivíduos ou atletas apresentarem uma maior cavidade ventricular, o que permitirá mais sangue possa encher o ventrículo durante a diástole. Outo fator que contribui para o aumento do volume de ejeção ventricular de repouso é um aumento na capacidade de contabilidade miocárdica. Esse aumento na contrabilidade pode estar relacionada a incrementos na atividade da enzima Atpase dentro do músculos cardíaco, ou uma melhor interação dos elementos contrateis celulares, em virtude de uma maior disponibilidade de cálcio extracelular.
– POUCA OU NENHUM MODIFICAÇÃO NAS MEDIDAS PULMONARES EM REPOUSO: a literatura aponta que a ventilação-minuto em geral não se modifica em repouso após o treinamento com exercícios. Ou seja, o treinamento aeróbio exerce pouco efeito sobre os volumes pulmonares em repouso. Dessa forma, podemos entender que a capacidade pulmonar total não modifica-se ou pode sofrer ligeiro aumento, ao mesmo tempo em que ocorre um pequeno aumento na capacidade vital e uma ligeira redução no volume residual.
– AUMENTO NO VOLUME SANGUÍNEO E NA CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA: com a pratica sistemática de sessões de treinamento aeróbio o volume sanguíneo total e a quantidade total de hemoglobina aumentam ambos com o treinamento de resistência.
– MAIOR DENSIDADE CAPILAR E HIPERTROFIA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO: Densidade capilar refere-se ao número de capilares que circundam uma fibra do músculos esquelético. A pratica sistemática de treinamento aeróbio a longo prazo poderá aumentar a densidade capilar nos músculos estriados esqueléticos acionados durante as sessões. Com o aumento da densidade capilar o suprimento de oxigênio e retirada dos produtos de desgaste do músculos serão aprimoradas. A densidade capilar do músculo esquelético está relacionada a dois fatores primordiais, sendo eles: 1) tamanho e diâmetro da fibra muscular e 2) tipo de fibras muscular e a densidade e número de mitocôndrias.
Seguidores, não o vídeo de hoje e analisem como o professor João Moura está realizando as sessões de treinamento aeróbio na sua volta aos treinos.